Como Sócrates vê que a ética pode contribuir para o autoconhecimento?

 

Sócrates: A Ética Antropológica

Sócrates, considerado um dos pais da filosofia ocidental. Sócrates desenvolveu uma abordagem única para a ética, conhecida como ética antropológica, porque colocava o ser humano no centro das suas reflexões. 

Ele acreditava que a maior virtude era o conhecimento, e que o  mal existe simplemente por conta da ignorância. 

Ou seja, para Sócrates, ninguém faz o mal intencionalmente, mas sim por não entender o que é o bem.O que parece que ele chegou a conclusão que o erro é um ato inconsciênte, que uma pessoa conhecimento e compreensão do peso e da realidade e das consequências dos seus atos não vai cometer erros.

Socrates criou um método de auto conhecimento chamado de Maiêutica que consistia em fazer perguntas que levavam as pessoas a refletirem profundamente sobre suas crenças e a trazer à tona suas próprias respostas. 

A maiêutica é um método filosófico criado por Sócrates, que consiste em conduzir alguém a produzir o seu próprio conhecimento por meio de perguntas. 

A palavra maiêutica vem do grego maieutike, que significa "arte de partejar",  para sair do estado aporético, que é o estado de dúvidas ou ceticismo, que as pessoas em geral precisam abandonar, principalmente os relacionados aos seus pré-conceitos e julgamentos e refletir por si mesmo e descobrir a verdade sobre um assunto. 

Para isso, Sócrates:

Faz perguntas simples e perspicazes

Leva o interlocutor a duvidar do seu próprio saber, revelando contradições

Estimula o interlocutor a pensar por si mesmo, vislumbrando novos conceitos e opiniões 

Na maiêutica do método socrático, que também inclui a ironia. 

A ironia é um momento em que Sócrates questionava o interlocutor sobre uma ideia ou conceito, fazendo-o cair em contradições. 

O objetivo de Sócrates era purificar o conhecimento, desfazendo ilusões, preconceitos ou conhecimentos baseados em opiniões.

Seu objetivo principal é, na verdade, revelar a ignorância do interlocutor sobre o assunto em questão. Sócrates, fingindo ignorância, leva o interlocutor a se expressar de forma mais elaborada, expondo assim as inconsistências e lacunas em seu pensamento.

Sócrates utiliza perguntas que parecem ingênuas, mas que, na verdade, conduzem o interlocutor a um beco sem saída. 

A ironia servia como uma espécie de armadilha dialética, onde o interlocutor se vê cada vez mais encurralado em suas próprias contradições.

Após a ironia, Sócrates entrava em cena  como uma parteira, pois auxiliava o interlocutor a "dar à luz" a um novo conhecimento. 

Através de um diálogo cuidadoso e de perguntas cada vez mais precisas, Sócrates conduz o interlocutor a uma compreensão mais profunda do tema.

Sócrates acreditava que, através do autoconhecimento, podemos alcançar a virtude e, consequentemente, a felicidade. 

Ele é famoso por sua frase "Conhece-te a ti mesmo", que resume bem seu pensamento: só podemos ser bons e felizes se nos conhecermos profundamente.

Para Sócrates, o conhecimento é uma virtude, e quanto mais sabedoria adquirimos, mais nos aproximamos da bondade e da felicidade. 

A maiêutica é um processo construtivo, onde o conhecimento não é imposto, mas sim descoberto pelo próprio interlocutor. Sócrates não oferece respostas prontas, mas sim as ferramentas necessárias para que o interlocutor possa construir sua própria compreensão.

A ironia e a maiêutica são como duas faces da mesma moeda. A ironia prepara o terreno, revelando a necessidade de um novo conhecimento, enquanto a maiêutica oferece os meios para que esse conhecimento seja alcançado.

A ironia socrática é um instrumento de desconstrução, enquanto a maiêutica é um instrumento de construção. Ambas são essenciais para o método socrático, que visa não apenas transmitir conhecimento, mas também desenvolver a capacidade de pensar criticamente e buscar a verdade.

Não existe uma ordem rígida entre a ironia e a maiêutica. Em alguns diálogos, elas se intercalam de forma mais complexa, com momentos de ironia surgindo mesmo durante a fase maiêutica.

A visão de Sócrates é chamada de intelectualismo moral, pois ele acreditava que a virtude pode ser ensinada e aprendida.Esse conceito de intelectualismo moral implica que, para Sócrates, a virtude (areté) está ligada ao conhecimento (episteme). Se alguém conhece o que é justo, agirá de maneira justa. Logo, o vício seria uma consequência da falta de conhecimento ou da ignorância. Por isso, a educação e o autoconhecimento eram fundamentais no pensamento socrático, pois através deles seria possível ensinar a virtude.

Esses métodos criados por Sócrates na época não eram utilizados como um tipo de terapias, mas sim como  fazendo parte de um processo de autoconhecimento e desenvolvimento pessoal, algo semelhante a abordagens terapêuticas modernas que buscam promover o insight e a reflexão crítica no indivíduo.

Entretanto, diferente de terapias modernas, a finalidade socrática não era psicológica, mas ética e filosófica: ele queria que as pessoas refletissem sobre suas vidas e agissem de forma mais justa e virtuosa. 

Esses métodos não eram terapias formais, mas funcionavam como instrumentos para o autodescobrimento e para a construção de uma vida mais ética e consciente.

Silviane Silvério

Naturóloga e Biomédica, especialista em Plantas Medicinais, Dieta Natural e Iridologia CRTH-BR 1741

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