Como nasceu a Iridologia?
A iridologia é uma prática que observa e estuda os padrões e cores únicas na íris, relacionando-os a diferentes aspectos da saúde humana.
Embora muitas civilizações antigas já tivessem notado que os olhos podem refletir sinais sobre nosso bem-estar físico e emocional, o desenvolvimento mais estruturado dessa abordagem aconteceu na Europa, especialmente entre os séculos XVII e XIX.
Quer saber como tudo começou? Confira a seguir!
Origens Antigas e Primeiro Interesse pelos Olhos
Muito antes de se falar em iridologia como ciência, Hipócrates (460 a.C.–370 a.C.), o famoso “Pai da Medicina”, já enfatizava a importância de observar os olhos como indicativo de condições gerais do organismo.
No Corpus Hippocraticum, há menções sobre como problemas oculares poderiam sinalizar desequilíbrios em outras partes do corpo.
Embora Hipócrates não tenha criado um método específico de avaliação pela íris, suas ideias abriram espaço para compreender os olhos podem ser um reflexo de nossa saúde interna.
Século XVII: Philippus Meyens e Primeiros Registros
No século XVII, o médico alemão Philippus Meyens publicou um livro onde mencionava a possibilidade de que sinais e variações nos olhos, incluindo a íris, poderiam indicar estados orgânicos e metabólicos.
Embora o foco principal de suas obras não fosse a iridologia, escreveu o livro Chiromantia Médica e fez e suas observações ajudaram a semear o interesse na relação entre os olhos e a saúde, contribuindo para o surgimento de teorias que mais tarde seriam organizadas de forma sistemática.
Século XVIII e XIX: A Consolidação com Ignaz von Peczely
O grande passo para a iridologia moderna foi dado pelo médico húngaro Ignaz von Peczely (1826–1911).
Quando criança notou mudanças na íris de uma coruja ferida, isso ficou na sua memória que mais tarde o que o levou a se formar médico, e por curiosidade nas suas pesquisas na prática clínica, a desenvolver um mapa relacionando áreas específicas da íris aos órgãos do corpo humano.
Essa teoria serviu de base para a prática de diagnóstico ocular que mais tarde se espalhou pela Europa e pelo mundo.
Século XVIII e XIX:A Difusão pela Alemanha: Emil Schlegel
Um dos principais divulgadores da iridologia foi o médico alemão Emil Schlegel (1852–1934).
Embora inicialmente destinado ao comércio, mudou radicalmente seu futuro após ler “O Funeral de Hahnemann”, de Arthur Lutze, e decidiu estudar medicina em Tübingen.
Mesmo enfrentando dificuldades para fazer o seu trabalho— teve seu doutorado negado por defender a homeopatia — após esse evento Schlegel se estabeleceu como clínico e ganhou reconhecimento ao tratar casos desafiadores.
Em 1887, Schlegel publicou Die Augendiagnose des Dr. Ignaz von Péczely, obra que sistematizou as ideias de Peczely e tornou a iridologia mais acessível a outros profissionais.
Um grande admirador de Paracelso foi Influenciado também por ele e Schlegel defendia uma medicina integrativa, unindo ciência, espiritualidade e um olhar global sobre o paciente — corpo, mente, emoções e ambiente.
Século XVIII e XIX:A Difusão pela Suécia: Nils Liljequist
Nils Liljequist (1851–1936) foi um médico e sacerdote sueco, reconhecido por suas contribuições fundamentais ao estudo da íris.
Quando ainda jovem ele percebeu que a cor dos seus olhos azuis mudaram após o uso de substâncias, então essa experiência acendeu sua curiosidade sobre a possível relação entre a cor da íris e o estado de saúde.
Liljequist estudou medicina e homeopatia e observando atentamente os olhos de seus pacientes em busca de pistas sobre desequilíbrios orgânicos.
Em 1880, publicou seu primeiro trabalho, intitulado “Quinina e iodo mudam a cor da íris”, e ao longo dos anos desenvolveu um sistema detalhado para analisar a íris, dividindo-a em zonas ligadas a diferentes órgãos ou sistemas do corpo.
Ele escreveu vários livros e textos a respeito da iridologia e colaborou para a difusão da iridologia na Escandinávia e em outras partes da Europa.
Em 1916, Liljequist lançou “O Diagnóstico do Olho: Iridologia”, obra que se tornou referência para terapeutas naturais e profissionais de medicina alternativa.
Em resumo, Nils Liljequist foi essencial na consolidação e divulgação da iridologia, ao unir observação clínica, homeopatia e uma visão integral do ser humano. Suas obras continuam a inspirar estudiosos interessados em explorar essa conexão entre olhos e saúde, tornando-o uma figura incontornável para quem deseja compreender a evolução dessa prática ao longo do tempo.
Século XX e XXI: Expansão e Popularização
No início do século XX, a iridologia já havia se espalhado pela Alemanha, Itália, Inglaterra, Suécia e Estados Unidos, com novos mapas e publicações que relacionavam áreas oculares a diferentes partes do organismo.
O interesse por uma medicina mais holística fez com que o método ganhasse adeptos em diversos países, mesmo enfrentando ceticismo da medicina convencional.
Reflexões Finais
Embora a iridologia seja hoje considerada uma prática complementar ou alternativa, sem consenso científico unânime, seu valor histórico é inegável.
Desde os registros antigos de Hipócrates até os estudos de Peczely e Schlegel, a observação dos olhos se manteve como ponto de partida para compreender o corpo humano de maneira integrada.
Neste primeiro capítulo da “Evolução dos Estudos da Iridologia na Europa”, vimos como tudo começou — de simples curiosidades e observações cotidianas a livros, palestras e congressos que consolidaram a prática.
Fique atento às próximas partes para conhecer mais detalhes dessa jornada e descobrir como a iridologia chegou aos dias de hoje!
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