Sistema Médico na Europa Antes da Medicina Convencional
Antes do surgimento da medicina convencional moderna, que se consolidou a partir dos séculos XVIII e XIX com base no método científico, a Europa era dominada por sistemas médicos tradicionais que combinavam práticas populares, conhecimentos herdados da antiguidade clássica e influências culturais e religiosas.
Esses sistemas eram amplamente baseados em tradições e observações empíricas, muitas vezes misturadas com elementos mágicos, espirituais e filosóficos.
1. Medicina Medieval (Idade Média - 500–1500 d.C.)
Durante a Idade Média, a medicina europeia foi fortemente influenciada por três principais fontes:
Medicina Greco-Romana : O legado de Hipócrates e Galeno, compilado nos textos do Corpus Hippocraticum e outros escritos antigos, continuou sendo a base teórica da prática médica. A teoria dos quatro humores (sangue, fleuma, bile amarela e bile negra) era amplamente aceita.
Influência Árabe e Islâmica : Durante o período medieval, os estudiosos árabes preservaram e expandiram o conhecimento médico grego e romano. Figuras como Avicena (Canon da Medicina ) influenciaram profundamente a medicina europeia após a tradução de seus trabalhos para o latim no século XII.
Práticas Populares e Religiosas : Na ausência de médicos formados, grande parte da população recorria a curandeiros, parteiras, ervanários e práticas religiosas. A Igreja desempenhou um papel central, promovendo orações, rituais e peregrinações como formas de cura.
As práticas incluíam:
✔Uso de ervas medicinais e poções.
✔Sangrias e purgantes, baseados na teoria dos humores.
✔Talismãs, orações e rituais para afastar doenças consideradas causadas por forças sobrenaturais.
2. Medicina Monástica
Nos mosteiros medievais, monges copiavam e preservavam textos médicos antigos, além de cultivar jardins de plantas medicinais.
Eles também prestavam cuidados básicos de saúde às comunidades locais, especialmente aos pobres.
3. Medicina Renascentista (Séculos XV–XVI)
Com o Renascimento, houve um ressurgimento do interesse pela anatomia e fisiologia humanas, impulsionado pelo estudo direto do corpo humano (dissecação). Figuras como Andreas Vesalius revolucionaram o entendimento anatômico, corrigindo erros dos textos antigos. No entanto, as práticas médicas ainda eram limitadas e frequentemente combinavam ciência emergente com superstições.
Medicina no Antigo Império Romano
No Império Romano, a medicina era uma combinação de conhecimentos gregos, práticas populares e inovações próprias. Os romanos valorizavam a saúde pública e a prevenção de doenças, investindo em infraestrutura (como aquedutos, banhos públicos e esgotos) para melhorar as condições de vida.
1. Influência Grega
A medicina romana foi profundamente influenciada pelos gregos, especialmente por Hipócrates e Galeno:
Hipócrates : Introduziu a ideia de que as doenças tinham causas naturais, não divinas, e desenvolveu a teoria dos quatro humores.
Galeno : Médico grego que viveu no Império Romano, ele expandiu as ideias hipocráticas e escreveu extensivamente sobre anatomia, fisiologia e tratamentos. Suas obras dominaram a medicina europeia por mais de mil anos.
2. Práticas Médicas Romanas
Os romanos aplicavam tanto a medicina científica quanto práticas populares:
Médicos Profissionais : Havia médicos treinados, muitas vezes gregos ou de origem helênica, que atendiam as classes abastadas. Alguns, como Asclépiades de Bitínia, enfatizavam tratamentos suaves, como dieta, massagem e hidroterapia.
Cirurgia : Os romanos eram habilidosos em cirurgias, especialmente no campo militar, onde tratavam ferimentos de guerra.
Saúde Pública : Investiram em saneamento básico, como aquedutos para fornecimento de água limpa e banhos públicos para higiene.
3. Medicina Popular
Para a maioria da população, especialmente nas áreas rurais, as práticas médicas eram baseadas em remédios caseiros, ervas e crenças supersticiosas. Curandeiros e parteiras desempenhavam papéis importantes.
4. Religião e Saúde
Com o advento do cristianismo no final do Império Romano, as práticas religiosas começaram a influenciar a medicina. Peregrinações a santuários, como o de Asclépio (deus grego da medicina), foram gradualmente substituídas por orações e rituais cristãos.
Resumo Comparativo
Base Teórica: Teoria dos quatro humores (Hipócrates/Galeno), influências árabes e práticas populares.
Teoria dos quatro humores, com ênfase na anatomia e fisiologia (Galenismo).
Práticas Principais:Ervas medicinais, sangrias, talismãs, rituais religiosos, banhos termais.
Cirurgia, uso de ervas, saúde pública (aquedutos, banhos), práticas populares.
Papel da Religião: Forte influência da Igreja; orações e rituais como formas de cura.
Religião pagã inicialmente (Asclépio); cristianismo no final do Império.
Saúde Pública: Limitada; foco em mosteiros e práticas comunitárias.
Investimentos em saneamento básico e infraestrutura para prevenir doenças.
Conclusão
Antes da medicina convencional moderna, a Europa dependia de sistemas médicos baseados em tradições antigas, práticas populares e influências religiosas.
No Império Romano, a medicina era mais avançada, com ênfase em anatomia, saúde pública e práticas baseadas na teoria dos humores.
Ambos os períodos refletem a transição gradual de sistemas médicos empíricos e filosóficos para abordagens mais científicas ao longo dos séculos.