A Realidade é Aquilo em que Acreditamos? Uma Reflexão Sobre Crenças, Emoções e Autoconhecimento
Uma coisa muito interessante de se observar é que toda questão tem, pelo menos, dois lados para serem analisados. Se prestarmos atenção no que acontece ao nosso redor, especialmente com o avanço da tecnologia e o uso crescente de aplicativos na internet, perceberemos um fenômeno curioso: os algoritmos identificam o tipo de conteúdo que consumimos e passam a nos mostrar mais do mesmo.
Essa dinâmica facilita bastante a publicidade, pois permite que os aplicativos enviem uma sequência de vídeos e informações que, provavelmente, vamos assistir. No entanto, isso também cria um efeito paralelo: parece que existem diversas realidades acontecendo ao mesmo tempo.
O Que Realmente Existe? O Que é Verdade?
Diante desse cenário, surge uma questão fundamental: o que é real? O que são fatos? O que é verdade?
A resposta para essa pergunta pode ser mais subjetiva do que imaginamos. Afinal, a realidade é, muitas vezes, construída a partir das nossas crenças. Aquilo em que acreditamos influencia a forma como enxergamos o mundo e, de certa forma, começa a se tornar nossa verdade.
O grande problema surge quando essas crenças são limitantes, destrutivas ou baseadas no medo. Quando muitas pessoas compartilham o mesmo estado mental, ele passa a ser visto como normal. Foi sobre isso que o Professor Hermógenes, um dos grandes mestres do Yoga no Brasil, alertou em suas reflexões sobre os chamados "normoides" – pessoas que aceitam como normais padrões de pensamento e comportamento que, na verdade, são prejudiciais.
Vou deixar aqui um link para uma palestra do Professor Hermógenes onde ele explica esse conceito mais a fundo. Vale a pena assistir!
A Ilusão Coletiva e as Doenças Mentais
Quando um grande número de pessoas adota uma mesma forma de pensar sem questionamento, ocorrem as chamadas “doenças mentais coletivas”. Em muitas tradições espirituais e filosóficas, esse fenômeno é conhecido como Maia, ou o "véu da ilusão".
Os grandes pensadores da humanidade sempre alertaram que, quando pensamentos e sentimentos negativos se tornam predominantes, há um impacto direto na saúde física e mental. A medicina oriental já considera esses estados emocionais como fatores determinantes de doenças, incluindo:
- Estresse crônico, que afeta o sistema imunológico;
- Euforia excessiva, que pode levar à exaustão emocional;
- Transtornos como bipolaridade, fobias e ansiedade, que se tornam mais comuns em ambientes de medo e insegurança.
O filósofo e educador indiano Krishnamurti afirmava que quanto maior o medo, maior a neurose. Esse medo constante impede que tenhamos clareza sobre a realidade, nos tornando reféns de preocupações e inseguranças.
A Medicina Ayurvédica e o Equilíbrio da Vida
A medicina ayurvédica, praticada há mais de 6.000 anos na Índia, ensina que nossa saúde e bem-estar estão diretamente ligados ao nosso equilíbrio interno. De acordo com essa filosofia, nosso estado de espírito depende de diversos fatores, como:
- Nosso biotipo (segundo os doshas: Vata, Pitta e Kapha);
- O tipo de alimentação que consumimos diariamente;
- O ambiente em que vivemos e nossas interações sociais;
- O tipo de humor e emoções que cultivamos diariamente.
Existe um ditado muito conhecido que diz: “O hábito faz o monge”. Isso significa que a maneira como nos comportamos, o que escolhemos acreditar e as emoções que alimentamos influenciam diretamente quem nos tornamos.
Outro provérbio reforça essa ideia: “O que está no coração, a boca fala”. Nossas palavras e ações são reflexos daquilo que nutrimos internamente.
Podemos Escolher Como Reagimos ao Mundo?
Quando desenvolvemos uma postura mais leve e flexível diante da vida, nos tornamos mais preparados para lidar com desafios. Isso nos permite crescer, evoluir e desenvolver inteligência emocional.
A grande questão é: vamos agir de forma racional e equilibrada ou seremos reféns de impulsos e emoções negativas?
Muitas vezes, reagimos sem pensar, de forma resistente e fechada para novas possibilidades. Isso gera medo do desconhecido, dificuldade em aceitar mudanças e, consequentemente, estagnação emocional e mental.
No livro "Despertar para uma Nova Consciência", o escritor Eckhart Tolle explica a importância de encontrarmos um sentido mais profundo para a nossa existência. Ele nos lembra que todos nós temos a oportunidade de fazer escolhas e mudar o rumo da nossa vida, para que ela não seja focada apenas em ganhos materiais e na resolução de problemas diários.
O Perigo de Viver Apenas Pelo Materialismo
É importante esclarecer que os ganhos materiais são, sim, essenciais. Eles proporcionam conforto e segurança. No entanto, quando colocamos o materialismo acima de tudo, corremos o risco de negligenciar nossa saúde mental e emocional.
Eckhart Tolle nos alerta que, se observarmos a história da humanidade, veremos que muitos dos maiores conflitos surgiram da insanidade mental coletiva, manifestada através de:
- Guerras e violência entre países, tribos e religiões;
- Escravidão e exploração de povos;
- Conflitos políticos e sociais motivados pelo medo e pela busca de poder.
Esses acontecimentos não surgem do nada. Eles são reflexos do estado interno das pessoas que os criam. Quando estamos dominados pelo medo, cobiça e desejo de poder, vemos o mundo através de um filtro distorcido.
A Chave para a Transformação Pessoal
Eckhart Tolle explica que qualquer ideologia que prometa uma sociedade ideal pode ser perigosa, pois o ego humano tende a se sobrepor à consciência coletiva.
Ele revela que a maior conquista do ser humano é reconhecer os próprios desequilíbrios. Somente assim é possível iniciar um processo de cura e libertação do sofrimento.
A receita que ele sugere é simples: observe o seu modo de viver. Pergunte-se:
- O que estou fazendo da minha vida?
- Minhas ações estão gerando sofrimento para mim ou para outras pessoas?
- Estou realmente vivendo da forma que gostaria?
Krishnamurti também nos ensina que, quando estamos excessivamente focados no que os outros fazem, acabamos vivendo em estado de conflito. Ele sugere que devemos romper com o hábito de viver com medo, pois o medo pode ser um alerta útil, mas não pode nos paralisar.
A solução? Descubra a origem dos seus medos. Somente assim será possível se libertar deles e viver com mais leveza e liberdade.
Conclusão: O Que Queremos Construir?
A realidade que experimentamos não é apenas uma questão de fatos concretos, mas também daquilo em que acreditamos. Quando temos consciência disso, podemos escolher quais pensamentos e emoções queremos cultivar.
O mundo está cheio de desafios, mas também de oportunidades de crescimento. A pergunta que fica é: como você escolhe viver?