Iridologia na detecção de anormalidades no sistema reprodutor feminino – o que a ciência encontrou?
Autora: Silviane Silvério
Data: 08 de outubro de 2025
Tempo médio de leitura: 7 minutos
Palavras-chave: Iridologia, sistema reprodutor feminino, sensibilidade, especificidade, triagem complementar, saúde integrativa, prevenção ginecológica
Resumo
Um estudo observacional recente publicado no Journal of Integrative Medicine investigou se a iridologia pode auxiliar na identificação de distúrbios ginecológicos em mulheres.
Os resultados mostraram alta sensibilidade (92%), mas especificidade moderada (56%), indicando que a técnica pode ser útil como ferramenta complementar de triagem, especialmente quando associada a uma anamnese detalhada. Este artigo apresenta os achados, suas implicações clínicas e os limites atuais da prática iridológica.
Desenvolvimento
A iridologia é uma técnica não invasiva que analisa padrões, cores, texturas e marcas na íris, com base na ideia de que diferentes zonas da íris correspondem a órgãos e sistemas do corpo. No caso do sistema reprodutor feminino, mapas tradicionais — como o de Jensen — apontam que a região inferior interna da íris está associada ao útero e ovários.
Da mesma forma, certas áreas da esclera (parte branca do olho) também são interpretadas por alguns profissionais como reflexos desses órgãos.
Embora a iridologia seja utilizada há mais de 300 anos por terapeutas de práticas integrativas, ela ainda não é reconhecida como ferramenta diagnóstica pela medicina convencional, principalmente por causa da falta de estudos padronizados e reprodutíveis.
No entanto, pesquisadores têm começado a investigar sua aplicabilidade com métodos científicos.
Foi exatamente isso que um estudo observacional de 2025 fez: avaliou 100 mulheres entre 15 e 49 anos — metade com diagnóstico clínico de distúrbios ginecológicos e metade saudável — por meio de três etapas:
Captura de imagens da íris com câmera especializada;
Avaliação clínica ginecológica;
Ultrassonografia abdominal e pélvica (padrão-ouro diagnóstico).
Os pesquisadores então compararam os achados iridológicos com os diagnósticos confirmados, calculando duas métricas fundamentais:
👉Sensibilidade: capacidade de identificar corretamente quem tem a condição;
👉Especificidade: capacidade de identificar corretamente quem não tem a condição.
Os resultados foram reveladores:
👉Sensibilidade: 92%
👉Especificidade: 56%
Isso significa que a iridologia foi muito eficaz em detectar mulheres com alterações reais — poucos casos passaram despercebidos. Porém, a especificidade moderada indica que houve falsos positivos: mulheres saudáveis foram classificadas como tendo alterações.
Durante a análise, os pesquisadores buscaram sinais como lacunas, sulcos, pontos claros e pigmentações nas zonas da íris associadas à hipófise, adrenais, mamas, útero e ovários. A profundidade e o tamanho dessas lacunas são interpretados por iridologistas como possíveis indicadores de processos inflamatórios ou degenerativos em curso.
Conclusão
A iridologia não deve ser usada isoladamente para diagnóstico, pois não identifica patógenos, lesões específicas ou doenças confirmadas por exames laboratoriais ou de imagem.
No entanto, sua alta sensibilidade sugere que pode ser uma ferramenta valiosa de triagem complementar, especialmente em contextos de prevenção e acompanhamento contínuo.
Profissionais que atuam com fitoterapia, dietoterapia, coaching de saúde ou outras abordagens integrativas podem utilizar a iridologia para:
👉Levantar suspeitas clínicas precoces;
👉Orientar mudanças de hábitos e estilo de vida;
Monitorar a evolução do cliente ao longo do tempo (por meio de fotos comparativas da íris e esclera).
Os autores do estudo destacam a necessidade de novas pesquisas, com amostras maiores, protocolos padronizados e comparação com métodos diagnósticos validados, para definir com clareza o papel da iridologia na saúde da mulher.
Resumo do dia:
✅ Alta sensibilidade = ótimo para não deixar passar casos reais.
⚠️ Especificidade moderada = risco de falsos positivos.
🔍 Melhor uso: complemento, não substituto.
Referências Bibliográficas
ARUNTHATHI, R. et al. An investigation into the sensitivity and specificity of iridology for detecting abnormalities in the female reproductive system: A cross-sectional observational study. Journal of Integrative Medicine, v. 13, n. 4, p. 245–251, 2025. Disponível em: https://www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/S2212958825001314 . Acesso em: 8 out. 2025.
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(ID Lattes: 7481458793724724)
Um forte abraço,
Silviane Silvério
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