Contribuições Históricas para a Relação entre os Olhos e o Estado Orgânico na Europa

 

Europa Antiga e suas Contribuições Históricas para a Relação entre os Olhos e o Estado Orgânico.

Ao longo da história, diversos médicos fisiologistas, anatomistas e estudiosos observaram que os olhos poderiam refletir o estado de saúde do corpo. 

Essa ideia, que hoje pode ser conecta à iridologia, foi documentada em vários registros históricos. 

A seguir, apresentamos uma linha do tempo com as principais contribuições europeias sobre essa relação.

 Hipócrates, médico grego (460 a.C. a † 370 a.C.)

Embora Hipócrates tenha feito muitas observações e escritos sobre medicina, não há evidências diretas de que ele tenha feito referências específicas à ligação entre sinais dos olhos e a saúde do corpo. 

Suas contribuições mais notáveis incluem a teoria dos humores (sangue, fleuma, bile amarela e bile negra), a ênfase na observação clínica e a importância da ética médica.

Mas existe a obra chamada Corpus Hippocraticum onde Hipócrates pode ter contribuido como um dos autores do livro.

Hipócrates, considerado o pai da medicina, já sugeria que os olhos refletem o estado interno do organismo.

Corpus Hippocraticum (460-370 a.C.)

O corpus hippocraticum consistem em sessenta e seis tratados sobre temas relacionados ao corpo humano, acrescidos de um juramento que deveria ser prestado pelo médico da escola de Có.

Segundo o Corpus Hippocraticum:

  • Olhos amarelados poderiam indicar doenças hepáticas.

  • Olhos avermelhados estavam associados a inflamação e febre.

  • Pupilas dilatadas podiam indicar doenças neurológicas ou intoxicações.

Hipócrates também utilizava a observação ocular para prever a evolução de doenças, o que o torna um dos primeiros a sugerir que os olhos funcionam como um espelho da saúde geral.

Aulo Cornélio Celso (25 a.C. – 50 d.C.)

No livro De Medicina, Celso descreveu doenças oculares e sua relação com febres e problemas digestivos. Ele observou que inflamações nos olhos poderiam ser sinais de enfermidades sistêmicas.

Cláudio Galeno (129-216 d.C.)

Galeno, um dos maiores médicos da Antiguidade, aprofundou os estudos sobre a anatomia ocular e defendia que:

  • Os olhos estavam diretamente ligados ao cérebro.

  • O humor vítreo e os fluidos corporais influenciavam tanto a visão quanto a saúde geral.

  • Doenças oculares poderiam ser sinais de desequilíbrios internos.

Oribasius (século IV d.C.)

Oribasius, médico do imperador romano Juliano, compilou conhecimentos de Hipócrates, Galeno e outros em sua obra Epítome de Medicina. Ele destacou a relação entre circulação e saúde ocular, ajudando a preservar e difundir esse saber.

Avicena (980-1037 d.C.)

No Cânone da Medicina, Avicena reforçou a ideia de que os olhos refletem desequilíbrios internos, associando:

  • A coloração dos olhos a doenças hepáticas.

  • A aparência ocular a problemas sanguíneos e inflamatórios.

Leonardo da Vinci (1452-1519)

Embora mais conhecido como artista, Da Vinci estudou profundamente a anatomia ocular. Ele:

  • Relacionou a pupila à resposta do sistema nervoso.

  • Sugeriu que alterações nos olhos poderiam indicar estados emocionais e fisiológicos.

Andreas Vesalius (1514-1564)

Em De Humani Corporis Fabrica (1543), Vesalius descreveu a conexão da anatomia ocular com o cérebro e os nervos ópticos, contribuindo para a compreensão da interação entre os olhos e o sistema nervoso.

William Harvey (1578-1657)

Harvey, o descobridor da circulação sanguínea, observou que:

  • A irrigação sanguínea dos olhos influenciava a visão.

  • O fluxo sanguíneo e a pressão arterial afetavam diretamente a saúde ocular.

Thomas Willis (1621-1675)

Willis estudou o cérebro e o sistema nervoso e descreveu o Círculo Arterial de Willis. Ele afirmava que:

  • Alterações no fluxo sanguíneo cerebral podiam causar mudanças na visão.

  • Problemas oculares poderiam estar relacionados a distúrbios neurológicos.

Conclusão

Desde Hipócrates até os anatomistas renascentistas, muitos estudiosos perceberam que os olhos refletem a saúde geral do organismo. Essas observações foram fundamentais para o desenvolvimento da medicina moderna e ajudaram a consolidar a ideia de que os olhos são, de fato, uma janela para a saúde do corpo.

Se você deseja aprofundar mais em algum desses autores ou conceitos, deixe seu comentário abaixo!

Referências Bibliográficas:

CAIRUS, Henrique F.. O Corpus Hippocraticum. 1983. Disponível em: https://backoffice.books.scielo.org/id/9n2wg/pdf/cairus-9788575413753-04.pdf. Acesso em: 11 mar. 2025.

CAIRUS, Henrique. De uisu: o mais antigo tratado supérstite de oftalmologia do ocidente. História, Ciências, Saúde-Manguinhos, [S.L.], v. 19, n. 2, p. 563-580, jun. 2012. FapUNIFESP (SciELO). http://dx.doi.org/10.1590/s0104-59702012000200012. Disponível em: https://www.scielo.br/j/hcsm/a/cxdkKvhvmzb7RHfQq8wbNyv/. Acesso em: 11 mar. 2025.

LASCARATOS, John; MARKETOS, Spiros. Ophthalmological lore in the Corpus Hippocraticum. Documenta Ophthalmologica, [S.L.], v. 68, n. 1-2, p. 35-45, mar. 1988. Springer Science and Business Media LLC. http://dx.doi.org/10.1007/bf00153586. Disponível em: https://link.springer.com/article/10.1007/BF00153586#citeas. Acesso em: 11 mar. 2025.

Silviane Silvério

Silviane Silvério, Naturóloga e Biomédica, com especialização em Iridologia, Plantas Medicinais, Dieta Natural e Práticas Integrativas e Complementares para a promoção do bem-estar e do autoconhecimento. Registro profissional: CRTH-BR 1741.ORCID: 0000-0001-6311-1195.

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